Quero chorar, tenho lágrimas

Se misturarmos num caldeirão os filmes mexicanos da década de 50, “Suplício de uma Saudade”, “Love Story”, as novelas cubanas, o Grand-Guignol, os livros “Coração”, “A cabana do Pai Tomáz” e “Dama da Camélias”, a estranha beberagem séria, garanto, menos lacrimogênica que as letras de canções brasileira que vamos carpir aqui. Comecemos pelos clássicos. O mais famoso sem dúvida é o “Coração Materno”. De Vicente Celestino, regravado por Caetano Veloso. A história é horripilante: a amada do campônio numa brincadeira sádica pede-lhe o coração da mãe como prova de amor e o debilóide cumpre ao pé da letra: (mais…)

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O eterno Noel Rosa

Em 1990 o livro “Noel Rosa, uma biografia” de João Máximo e Carlos Didier, tornou-se um “best-seller” mostrando a perenidade do mito. É um livro definitivo, emocionante.

Modestamente, apenas como colaboração faço algumas observações. A obra diz que Josefina foi a musa de “Seu riso de criança”. Em 1984 localizada por uma emissora de TV declarou: “Noel para mim fez apenas o “Três apitos”, apesar de um dia de pileque ter dito que eu tinha um riso de criança”. Aracy de Almeida que a gravou indagada foi dramática: “Noel fez esse samba na Taberna da Glória, na hora, e me deu. Foi pra mim que ele fez esse samba. Ele também fez música para mim!” (mais…)

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Relações desafinadas

Conversávamos eu e um amigo, saudosista crônico, sobre o relacionamento, às vezes nada amistoso, entre figuras de nossa Música Popular, quando ele comentou enfático que antigamente a turma era mais cavalheiresca. Engano, no antigamente dele, como hoje, espoucaram muitos ressentimentos, houve muito nariz torcido, muito dedo em riste, acusações de plágio, pixações, xingações e safanões. Contemos alguns casos. (mais…)

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O canto do Mané

Um dos médicos que cuidavam de Garrincha disse antes de sua morte que a principal causa de seu espoliamento emocional se chamava Pelé. Ou seja, a indesgastável notoriedade do Rei massacrou o Mané em seu ostracismo. Até na Música Popular isso se evidenciou. Pelé foi muito mais cantado que Garrincha, apesar de este na minha opinião ter se equivalido em genialidade. Numa pequena homenagem coloco em campo composições em que ele foi personagem. (mais…)

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Um telefone que deu o que falar

Carnaval de 1917, Rio de Janeiro. Surge com enorme sucesso o samba Pelo Telefone, de Ernesto dos Santos, vulgo Donga. Um fato até então inédito acontece: os clubes carnavalescos, que nunca tocavam a mesma música em seus desfiles, entraram na Avenida Central tocando o Pelo Telefone. Naquela época samba era uma espécie de festa com dança. Dizia-se hoje vou dar um samba lá em casa. A partir do Pelo Telefone é que ficou conhecido como gênero musical. Hoje, mais de 60 anos após o seu lançamento, é considerada a mais discutida e polemizada de nossas músicas. (mais…)

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Quando falha o olho clínico

A receita do sucesso é das mais requintadas. Seus ingredientes são difíceis de reunir e dosar. Quantos talentos nunca o conheceram e quantos medíocres com a pitada de sorte são premiados com ele. Quantos milhões são gastos com o condimento da promoção sem despertar apetite, enquanto outros insossos viram banquete. Outro tempero indispensável é a intuição, aquele estalinho que faz com que determinada música traga o sabor do sucesso, independente de sua qualidade. Muitas vezes o êxito tem escapado a um intérprete, por nã fazer fé na música que lhe é oferecida e essa se consagra na criação de outro. Contemos algumas histórias de músicas renegadas de nosso cancioneiro. (mais…)

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Qual será o próximo capítulo? A música popular brasileira na TV

Os poucos informados e os mais jovens podem deduzir que o fascínio exercido pelas novelas de televisão sobre a massa seja recente. Infelizmente não, pois o indigesto Direito de Nascer, na sua primeira versão televisada lotou o Maracanãzinho para a transmissão ao vivo do capítulo final. O zé-povinho corre o risco da intoxicação e alienação devido ao massacre desencadeado pelas emissoras, algumas produzindo até cinco novelas diárias. (mais…)

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O velho cantar do bonde

A crise do petróleo tem concorrido para que os saudosistas voltassem a reverenciar a memória dos bondes. Sua revalorização tem sido defendida por especialistas em urbanismo e os jornais cariocas têm noticiado com certa freqüência e cogitação de sua volta aos subúrbios. Muitos clamam que sua extinção foi uma das razões do desencadeamento do desvario automobilístico que atacou e endividou grande parte dos brasileiros. (mais…)

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Luiz Gonzaga, o porta-voz da cultura marginalizada do nordeste

Luiz Gonzaga como muito bem o colocou Gilberto Gil:” Foi o primeiro porta-voz da cultura marginalizada do nordeste.”Sem dúvida o responsável pela introdução da cultura nordestina no sul do país.Nasceu em Exu, Pernambuco, em dezembro de 1912. Se fosse vivo estaria completando cem anos. Após levar uma surra do pai, ao brigar numa festa, caiu no mundo e se alistou como voluntário no Exército.  Virou corneteiro dos bons:” O Bico de Aço.”Deflagrada a Revolução de 30 foi parar no Rio com  a tropa. (mais…)

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